Olá pessoal,
Espero que tenham passado bem o final de semana. Hoje quero partilhar com vocês um dos textos mais profundos que pude escrever, identificando a minha realidade que acredito ser também a realidade de muitos outros.
Tema: Saudades da minha infância
Tema: Saudades da minha infância
Saudades...
Saudades
sinto daquele tempo..
O tempo
em que valia a pena ser criança...
Valia a
pena, pois na infância tínhamos o real significado de esperança...
Não tínhamos
muito mas o pouco que havia chegava para todos...
Havia
brinquedos sofisticados. Mas os bonecos de fios, de lodo e carros de lata eram
os mais procurados...
A bola
de trapos e sacos servia de Jabulani na altura. E em longas partidas já representávamos
Akwá, Maradona, Rivaldos e companhia...
Não tínhamos
Facebook, Whatsapp nem Unitel
Mas
eramos sempre mais próximos e sempre uns com os outros, muito antes da Movicel...
Não tínhamos
Zap mas a TPA já era a nossa televisão.
Saudades...
Saudades
dos tempos de dirigentes...
Orientando
equipas de jogadores feitos em pedra ou rolhas.
E
juntos alinhavamos em campeonatos de Boquiqui que englobava várias batalhas.
Ninguém
ligava para ninguém mas ninguém esquecia da hora exacta para o salva ovas ou
bica bidom...
Aquele
tempo era tão bom. Tão bom que sabia doce que nem bom bom...
Saudades...
Sinto
saudades do ficou... E daquele que o cocó do meio tirou...
Diante
do bumbo ou do Rambo ou tempo não passava. Mas ao ritmo da Clélia Sambo algo
como dança já se esquematizava...
O
cambuá não estava. O pengua nem sequer existia como palavra.
Mas a
cassumuna era a dança que nos alegrava do mosaico até a areia da lavra...
Dançávamos
de alegria.. Rasgávamos e roçávamos os calções... Dançávamos para nos darem
gasosa...
Mas no
meio do papá mamã ninguém queria ser filho e todos queriam ser o esposo e a
esposa...
Saudades...
Das
lendárias caças aos gafanhotos catululos nos domingos após a igreja...
Já éramos pescadores nas lagoas e praias da samba onde apanhávamos peixinhos
bagudas e espadas, rabos de fogo e até cacussos..
Tomávamos
banho de água salgada.. E a superstição dizia para não mencionar o último pino
ou o pino de despedida...
Com
água doce safávamos os corpos na chegada a casa... com o intuito de não apanhar
porrada..
E ainda
trepávamos grandes árvores em busca de figos, azedinhas, mangas ou gajaja..
Os
nossos grupos de luta... Forrados ao tronco, travávamos batalhas longas com
bastões em papelão enrolado.
Todos
cansados... Mas ao mesmo tempo satisfeitos...
Os
filmes eram antiquados e repetitivos... Mas sabiam sempre como novo
Pois
para as crianças vale sempre a pena ver de novo...
Saudades...
Ai que
saudades...
Fugíamos
a raposa e espalhávamo-nos no meio da floresta...
As
mesmas coisas de segunda a sexta...
Sem
telefones que tocam, sem tarraxinha ou quadradinho
Mas em
rodas organizadas, os tongas e massembas alegravam o nosso cantinho.
A
fininha passava e chamávamos belezura.. quem não dançasse a mãe era mbica...
Ao
ritmo do ouvi dizer revelávamos as paixonetas..
Era tão
bom... Mas tão bom
Que se
pudesse vivia novamente... Quiçá para sempre...
A
tabuada era um assunto sério. E na hora da saída todos queriam estar no lugar
do primeiro.
A
palmatória se fazia sentir... e para o que não fizesse a tarefa tinha de se
preparar pois a palmatória iria sentir.
Oh
Palmatória...
O natal
era mítico... Único e entusiasmante... Estreávamos as roupas novas que
guardamos na mala feito diamante.
Tenho
esperança de um dia reencontrar estes tempos mesmo que não sejam vividos
novamente por mim...
Acredito
que muitos irão se identificar com este texto pela realidade que acarreta.
Por: Emerson JC Lourenço AKA Daltton
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