Importação Cultural
Saudações ilustres!!
De volta a estrada e dando continuidade ao Baile de máscaras, trago para vocês mais um estrato do livro e nesta abordagem, falarei de forma resumida sobe alguns pontos da importação cultural, que têm como motivação, a baixa auto estima por parte de muitos cidadãos angolanos, tanto do sexo masculino como feminino.
Aos poucos estamos a perder a nossa identidade e são poucos que com alguma autenticidade ainda detêm o título de Angolano de raiz. a cada dia que passa temos importado de tudo, e de todas as parte do globo. as novas tecnologias têm chegado ao nosso solo e usadas de forma avassaladora, destruindo de certa forma o que temos de mais precioso: a nossa essência, as nossas raízes, cultura e tradição.
O
complexo de inferioridade leva-nos a importar desde a cor da pele, os troços
corporais e faciais até o cabelo...
As
mulheres negras de carapinha dura se sentem inferiores pelo tamanho ou a leveza do seu cabelo e
buscam do Brasil ou da Índia os mais leves e longos cabelos para aplicar com
costura e tornar-se as mais belas por onde passam.
Na
ausência de uma fisionomia ou um rosto esteticamente agradável aos olhos de
quem observa, homens e mulheres com possibilidades recorrem ao exterior para
operações plásticas para aumento ou redução de massas corporais e traços
faciais mais lindos**
Os mais
desprezíveis são os que nem como negros se aceitam. Este é o cúmulo!
O
recurso dos negros a produtos cosméticos para clarear o seu tom de pele já
existe a décadas e sem grande sucesso cá em África como se observa ao cidadão
congolês que utiliza o processo vulgar conhecido por Paculamento** usando o
creme mekako** e tal acto resulta-lhes a uma cor estranha e que lhes submete a
certas restrições quanto a sua exposição ao ambiente. Mas estes já conseguiram
ser vistos como normais e pelo que parece isto pertence a sua cultura (rs).
Recentemente,
muitos de nós Angolanos, em crise de auto estima e em busca de uma nova máscara
para a passagem de escuro para claro, como se têm observado ao caso de algumas
figuras públicas de destaque no mercado musical, recorrem a injecções
intravenosa s e aos produtos outrora utilizados pelos Langas** (cidadãos Congoleses) e com algum sucesso conseguem satisfazer as suas aspirações e
obter a tal pele mais clara.
Ridículo.
Está é a palavra ideal para descrever todo este círculo e um conjunto de
máscaras sem necessidade e totalmente sem valor. Ridículo porque ao mudar de
cor não muda a personalidade nem a forma de agir ou pensar. Diferente de mudar
de roupa, adquires uma nova imagem nada autêntica e que de certa forma abre uma
margem de questionamentos a teu respeito. Mais ridículos ainda quando a sua
hipocrisia os leva a dizer que sentem-se bem assim.

Imagine
como ficam as pessoas que te conhecem? Os que gostavam de ti sendo negro? O
filho que diz ter um pai negro e da sua cor, como justificará o novo tom de
pele do seu pai? Como justificará um casal de negros e sem descendência branca ou
mestiça ter um cidadão de pele mais clara como filho?
Enfim...
E execução dos actos não é feita com a análise do seu impacto no meio em que os
mesmos estão inseridos. O momento é o que importa!
Deixo
algumas considerações para quem ainda procura ser o mais Angolano ou Africano
possível:
Qualquer
coisa perde o seu valor o seu detentor não estima o mesmo nem o aceita como
é...
A
tecnologia é bem usada quando serve para beneficiar o público-alvo e o mesmo
faz o uso dela adaptando o máximo a sua cultura ou realidade social. A maior
forma de optimizar um produto é dar continuidade a sua expansão, introduzindo
nele modificações de acordo ao seu modo de vida e não viver de acordo as condições
a que ele te submete...
Vamos
usar as receitas estrangeiras para cozinhar o que é nosso e com os nossos
ingredientes.
Se
viajares, certifique que levas na bagagem a tua bandeira, e uma série de itens
que te identificam e dão a conhecer aos estrangeiros sobre o teu país, a realidade
e potencialidades.
Encho
de aplausos as mulheres que conseguem extrair a elegância usando o seu rosto,
corpo e cabelo natural, alternando os vestidos confeccionados por modistas
estrangeiros e buscando sensualidade e trajadas de panos em vários formatos.
Aqueles
que conseguem levar a nossa música além-fronteiras, espero que continuem. E aos
que trazem de forma digo novamente que a inspiração e a cópia são coisas muito
distintas.
Por Emerson JC Lourenço AKA Daltton
Em: O Baile de máscaras (dia 01 de Setembro disponível para download)
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