Centro de Acolhimento de Meninas Horizonte Azul.
Olá pessoal,
Promovendo a campanha de solidariedade, estou aqui para dar-vos a conhecer o centro Horizonte Azul, que será o primeiro destino da nossa viagem rumo a solidariedade.
Então vamos....
O Centro foi fundado em 2000.
RESPONSÁVEIS
Maria Esperança (directora),
Henriqueta Pinto (vice-directora), Zulmira Madalena (assistente social e
secretária).
FUNCIONAMENTO
O trabalho é feito em duas
vertentes. Há a área do internato, que comporta oitenta meninas, e há a parte
da escola, o externato, que acolhe 980 crianças que passam o dia todo no centro
com direito a uma refeição por dia, explicação de manhã, almoço e estudo.
Entram às 8h e saem às 17h. São crianças da comunidade de Viana, filhos de pais
desfavorecidos. É um meio-termo que o centro achou a fim de evitar certas
situações a quais as crianças estão sujeitas quando não acompanhadas.
OBJECTIVO
Para proteger a criança de muitas
situações ocorridas no quotidiano. O centro entende que a criança que não está
protegida está submetida a riscos de violência, prostituição, alcoolismo e
envolvimento com drogas.
LOCALIZAÇÃO
Na Rua Eurico Dias, Vila de Viana. A
referência é a rua à direita da sede do corpo de Bombeiros da Vila.
CONTACTOS
Tudo o que puder fazer para benefício do centro é bem-vindo.
Não é preciso muita coisa para ajudar. Nossos contactos são: 923 51 43 55 (dona
Henriqueta) e 930 54 32 58 (dona Esperança
Entrevista
a Henriqueta Pinto (vice-directora do Centro de Acolhimento de Meninas
Horizonte Azul)
Porque acolher
somente meninas?
Porque quando pensámos em fundar o
centro havia muitas meninas na rua e muito acolhimento só para rapazes. Não havia
para meninas. Por isso pensamos em acolher aquelas que estavam postas nas ruas.
Até quantos
anos elas podem ficar no centro?
Temos meninas que entraram com sete
anos; muitas delas já fizeram o ensino médio, estão na faculdade e temos uma
que até está a trabalhar na Cimangola [fábrica de cimento]. Ela entrou com sete
anos e hoje está com 22, mas continua morando aqui porque ainda não se adaptou
fora do centro. Temos muitas meninas que já têm mais de 18 anos. O
objectivo é formar essa menina e encaminhá-la ao mercado de trabalho para que
tenha condições de tocar a vida. Pela regra dos centros deveríamos reinseri-las
nas famílias já com 16 anos, mas não foram boas experiências. Tem uma que
reinserimos, engravidou, voltou e teve a filha aqui, que é a mais nova do
projecto.
Henriqueta Pinto fala sobre a
experiência de ser “mãe” de oitenta meninas, por Ampe Rogério/RA
Como as meninas
chegam ao centro?
Muitas pessoas e instituições
encontram-nas na rua e enviam até aqui. O Lar Kuzola [orfanato público,
mas gestão da Fundação Lwini e financiamento da petrolífera Total] muitas vezes
nos enviou meninas. Em alguns casos, as famílias não tem possibilidade e
são encaminhadas para aqui.
Como é esta
relação delas com a família?
Tem várias histórias. Muitas são
acusadas de feitiçaria, vindas da droga, filhas de pais alcoólicos – e
acabam por se tornar dependente também. Outras são órfãs e os avós não tem
condições de criar.
Qual a maior
dificuldade?
É o quotidiano delas. Temos meninas
com histórias diferentes e temos sido mães e pais para elas. Tem sido
mesmo muito difícil para nós ter que acompanhar essas meninas. Mesmo com essas
dificuldades conseguimos porque lá no fundo termos meninas na faculdade, outra
num emprego, se sentindo minimamente realizadas. Isso muitas das vezes é o que
nos faz aguentar.
Estão a receber
novas meninas?
Nesse momento não, porque o centro
está esgotado, não temos espaço nenhum. Somente casos extremos.
Os pais das
crianças da escola fazem alguma contribuição financeira?
Sim, com um valor de Kz 200,00 por
mês, mas nem todos aderem. Há um ou outro que consegue pagar essa quantia para
alimentação deles. O centro não tem um financiamento, vive de doações e muitas
das vezes não temos como suportar essa despesa. No entanto, há pessoas
singulares se comovem e doam alimentos, roupas, material didáctico.
Qual o
principal sonho?
É ver as meninas reinseridas na
sociedade. Temos estado a fazer um grande esforço para ver isso. Damos o máximo
para ver se elas conseguem se reintegrar. O mais difícil tem sido conseguir
emprego para as que já tem idade para trabalhar. Temos aqui nove meninas
que estão na faculdade, sete estão com bolsas e temos duas ou três sem e isso
tem sido outra grande dificuldade do centro. Tivemos uma bolsa da OMA
para uma dessas meninas, que foi estudar Medicina em Cuba. Tivemos
também quatro bolsas pela Esso, e estão no Sumbe a fazer estudos na área
de Petróleos. Ficaram algumas que estamos a tentar enquadrá-las nas bolsas para
ver se elas conseguem concluir o sonho delas. A dona Esperança [directora do
centro] muitas vezes paga as propinas dessas meninas com o seu próprio salário.
Precisamos de um apoio nesse aspecto. Bolsas internas ou para o exterior seriam
um alívio.
Por: Emerson JC Lourenço
Fonte: porttal RA